Independente do ramo ou atividade – comércio, indústria de ‘bens duráveis’ ou ‘fábrica de software’ – a qualidade do que se entrega é determinante para o sucesso de um negócio; e a melhor forma de iniciar o estudo sobre esse tema é exatamente pelo começo – no caso, falando sobre seu surgimento (como diz aquela velha frase – que acredito estar correta: “Quem não sabe de onde vem, dificilmente sabe para onde vai”).
No decorrer da história
É comum pensarmos na preocupação com a qualidade como algo relacionado ao advento da produção em massa. Mas registros históricos apontam a preocupação com a qualidade como algo muito mais antigo, relacionado com o surgimento da agricultura – quando a preocupação com a qualidade do que era produzido, armazenado e transportado impactaria não “apenas” na subsistência dos próprios produtores como também da comunidade relacionada – além das trocas comerciais naturais decorrentes, em momento seguinte. E com o passar dos tempos, evoluindo a civilização temos o surgimento de leis, normas e decretos tratando explicitamente de questões relacionadas à qualidade – ou a falta dela – nos mais diversos povos e culturas, com registros de séculos antes de Cristo.

Em ordem cronológica:
- Pré-história: na era do homem caçador-coletor, a inspeção de qualidade dos alimentos era realizada diretamente pelos consumidores;
- 12.000 ~ 8.000 a.C. – surgimento da agricultura: com o surgimento da agricultura: com as consequentes e inevitáveis trocas comerciais teriam surgidos os primeiros métodos de controle de qualidade;
- 2.000 a.C. (império Babilônico): o Código de Hamurabi (“lei do talião”) previa punições para as consequências da falta de qualidade: “(232) Se um arquiteto constrói para alguém e não o faz solidamente e a casa que ele construiu cai e fere de morte o proprietário, esse arquiteto deverá ser morto. (239) Se destrói bens, deverá indenizar tudo que destruiu e porque não executou solidamente a casa por ele construída, assim que essa é abatida, ele deverá refazer à sua custa a casa abatida.“;
- 1.100 a.C. – 771 a.C. (China, Dinastia Zhou): “é proibido colocar à venda utensílios, carros, tecidos de algodão e de seda cujas dimensões ou requisitos da qualidade não atendam às exigências das normas”;
- 500 a.C. (Fenícia): inspetores amputavam a mão do fabricante do produto que não estivesse dentro das especificações governamentais;
- 207 a.C. (China, Dinastia Qin): decretos determinavam que utensílios de uma mesma categoria deveriam conter medidas e tolerâncias idênticas. As muralhas da cidade teriam garantia de 1 ano – sendo reparadas sem ônus ao estado, caso necessário;
- 618 d.C. – 907 d.C. (China, Dinastia Tang): permitida a venda apenas de arcos, flechas, facas e lanças fabricados conforme os padrões estipulados pelos oficiais feudais e identificados com o nome dos trabalhadores na própria peça. Itens não identificados eram retirados de circulação, e os responsáveis pelos itens fabricados fora de padrão eram chicoteados ou sofriam outras punições.

Observa-se ainda controles de processos na construção das pirâmides egípcias, na organização militar persa, no império romano e em diversos outros momentos da história.
Nos tempos modernos
Como (quase) tudo na história da humanidade, a preocupação com a qualidade evoluiu com o passar do tempo. Essa evolução histórica da qualidade é definida em períodos – contados a partir de meados do século XVIII – identificados como “As Eras da Qualidade” (GARVIN, 2002).
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